Resenha do livro A Comissão Chapeleira, de Renata Ventura
2.10.15
Oi
oi pessoal! Vocês devem lembrar que há algum tempo atrás eu fiz uma resenha de
um livro chamado A Arma Escarlate, da Renata Ventura. Pra quem ainda não leu,
pode ler nesse link aqui. Pois então, ele era o primeiro de uma série que a
Renata está escrevendo e ela já lançou o segundo, que se chama A Comissão
Chapeleira, eu já li e hoje venho trazer a resenha dele para vocês.
Antes
de continuar meu parecer, um breve resumo da obra para vocês:
"Atormentado pelos
crimes que cometeu em seu primeiro ano como bruxo, tudo que Hugo mais queria
naquele início de 1998 era paz de espírito, para que pudesse ao menos tentar
ser uma pessoa melhor. Porém, sua paz é interrompida quando uma comissão
truculenta do governo invade o Rio de Janeiro, ameaçando uniformizar todo o
comportamento, calar toda a dissensão, e Hugo não é o único com segredos a
esconder.
Para combater um
inimigo inteligente e sedutor como o temido Alto Comissário, no entanto, será necessário muito mais do que apenas magia. Será preciso caráter. Mas o medo
paralisa, o poder fascina, e entre lutar por seus amigos ou lutar por si
próprio, Hugo terá de enfrentar uma batalha muito maior do que imaginava. Uma
batalha com sua própria consciência".
Vejam
bem, já terminei de ler há algum tempo, mas só agora consegui parar para
resenhar. Primeiro porque eu estava sem tempo e segundo porque precisava
digerir o livro, porque Senhor, que peso! Não só no sentido literal (são 655
páginas), mas no sentido figurado: A Comissão Chapeleira é uma obra pesada, uma
verdadeira porrada no estômago! Fiquei dias me sentindo mal quando terminei,
com uma ressaca literária sem precedentes. E vejam bem, isso é bom! Sinal de
que o livro foi muito bem escrito.
Como
está escrito no resumo do livro, o começo conta como ficou a vida de Hugo após
seu primeiro ano conturbado na escola Nossa Senhora du Korkovado. O menino está
num momento mais tranquilo, tentando se redimir das burradas que fez – mas não
sem enfrentar as consequências e o peso na consciência por tudo. Eu disse na
resenha do primeiro livro que o protagonista não me descia, não conseguiu minha
empatia. Mas nesse segundo, ele está demonstrando uma busca por amadurecimento
(muito pela influência do Capí, o personagem quase sacro da saga) e isso me fez
“implicar um pouco menos” com ele. Esse momento aparente de calmaria tem como
pano de fundo uma eleição no mundo bruxo brasileiro, na qual muitos conceitos
já conhecidos como corrupção, guerra de poder entre outros aspectos são
abordados.
Essa
calmaria, depois que terminamos de ler, podemos perceber que é na verdade um
momento de respiro, de fôlego, para o sufoco que estamos para enfrentar! No
desenrolar do livro uma tragédia no mundo político dá início à complicação na
trama, pois o candidato que é eleito instaura uma comissão que é mandada aos
colégios do país para "pôr os alunos na linha", implantando regras
absurdas, controlando tudo com “varinhas de ferro” (oi Ditadura, é você?), vasculhando
e expondo segredos... E como Hugo tem “o rabo preso”, fica meio desesperado com
isso tudo. Para piorar, o líder da Comissão – o grande vilão da saga – é ardiloso,
inteligente, sagaz e imponente. Ao mesmo tempo em que impõe o medo, tem capacidade
para seduzir e envolver pessoas que se fascinam com o poder (oi Hugo!). A
partir daí tudo se desenrola (ou enrola mais ainda, sei lá!). Não dá pra falar
muita coisa sem dar spoiler.
Se
posso tentar definir esse livro com poucas palavras, posso dizer que é intenso,
chega a ser absurdamente cruel! A Renata é má demais! Tem violência, tortura de personagens queridos que fazem a gente sentir junto com eles a dor, morte de
criancinhas. Por muitas vezes me vi prendendo a respiração e tive que lembrar
de puxar o ar. Sério, dá muita raiva na gente ao longo do livro...
Mas
também é tão envolvente que não dá vontade de parar! Perdi a conta de quantas
vezes nem vi a hora passar, fiquei lendo por horas e ouvi meu pai dizer “fecha
esse livro e vai dormir menina que já são 2h da madrugada” hahahaha! Você
pensa, “ok, só mais esse capítulo...” e a mulher termina ele com algo que te
faz pensar “MAZOQ?! PRECISO saber o que acontece agora SOCORRO!”
hahuauahhuahua!
Não
tem só desespero, tem momentos muitos legais também, como saber os detalhes da
escola do “Caramurus”, que é a da Bahia. Toda a parte de cultura brasileira e
de história do Brasil que a Renata aborda e a maneira como ela mistura isso
tudo com ficção é muito interessante também. Fora algumas cenas que me fizeram
rir muito também (nunca imaginei que um personagem como o Índio seria capaz de
um escape cômico tão legal hahaha!).
Resumindo?
É muito bom, me ganhou mais do que o primeiro. E como dizem os leitores da
Renata e que é alertado na contracapa, “encomende um coração a mais, ou até
dois, e ainda não serão suficientes”. Já estou na expectativa pela continuação
da saga e até lá, vou fazendo meu check-up médico. Mas se não morri em ACC,
acho que meu coração ainda aguenta mais uns baques...
0 comentários
Obrigada por comentar! Todos os comentários passam por moderação antes de ficarem disponíveis. Mas em breve ele será lido e respondido. Beijos!